O Caxias começou os anos 60 da mesma forma que havia terminado os 50: como vice-campeão estadual. Juntamente com o Marcílio Dias de Itajaí, secundou o Metropol de Criciúma, que surgiu como a grande força do futebol catarinense. O clube da Cidade do Carvão introduziu o futebol realmente profissional no estado e levantou 5 títulos estaduais até 1969.
Com times que mesclavam jogadores experientes com novos talentos que surgiam, o Gualicho foi terceiro colocado nos estaduais de 1961 e 1963.
Já no primeiro campeonato da década brilhava uma estrela de primeira grandeza revelada pelo Caxias: Norberto Hoppe foi o artilheiro do campeonato com 9 gols. Ele viria a repetir a proeza em 1966, marcando 33 gols, marca até hoje não igualada no futebol do estado. Foi o maior artilheiro do Brasil naquele ano, superando inclusive o Rei Pelé. Em 1967 transferiu-se para o Bangu do Rio de Janeiro, onde foi vice-campeão carioca.
Outros grandes nomes apareceram no Caxias na década de 60 para brilhar no cenário nacional. Já no final da década João Saldanha, então Técnico da Seleção Brasileira, veio a Joinville para assistir um clássico contra o América. O Caxias perdeu o jogo mas João gostou do futebol de dois jogadores do alvinegro: o goleiro Jairo e o centroavante Mickey. E acabou indicando-os para o Fluminense.
Mickey nasceu Adalberto Kretzer, em Presidente Getúlio-SC. Chegou ao Caxias em 1968. Transferido para as Laranjeiras, caiu nas graças do torcedor do tricolor carioca ao marcar os gols do time nas finais da edição de 1970 do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que era o campeonato brasileiro de maior expressão na época. A torcida estava apreensiva com a ausência do ídolo Flávio, mas viu o craque caxiense substituí-lo à altura. Notabilizou-se ao comemorar seus gols com as duas mãos levantadas e os dedos em "V". Jogou ainda no futebol colombiano (Atlético Júnior e Deportivo Cali), no Bahia, São Paulo e Ceará. Além de ganhar o Robertão de 1970 e diversos títulos estaduais, foi campão brasileiro pelo tricolor paulista em 1977.
Jairo do Nascimento não teve muitas oportunidades logo que chegou ao Fluminense: o titular da posição era nada menos que Felix, titular também da Seleção Brasileira tri-campeã do mundo. Foi então negociado com o Coritiba. No "Coxa-Branca" da capital paranaense foi seis vezes campeão estadual (pentacampeão - 1972 a 1976 - e em 1986) e campeão do Torneio do Povo de 1973, que reuniu os times de maior torcida do país. Daí transferiu-se para o Corinthians, onde foi bi-campeão paulista. Voltando ao Coritiba foi Campeão Brasileiro de 1985. Foi convocado por Oswaldo Brandão para a Seleção Brasileira.
Foi na década de 60 que iniciou no Caxias Osni Fontan. Foi o principal jogador do Caxias até 1976, quando o clube deixou temporariamente os gramados. Com o surgimento do Joinville Esporte Clube, fruto da união dos departamentos de futebol profissional do Caxias e do América, Fontan passou a exercer o mesmo papel no JEC. Foi o capitão do time que levantou o primeiro título estadual do tricolor, que nada mais era do que a união dos elencos dos dois tradicionais rivais do futebol de Joinville. Depois que pendurou as chuteiras passou a ter destacada atuação como comentarista de futebol e dirigente, tendo sido presidente do Caxias e diretor do JEC.
Em 1968 o Caxias mais uma vez chegou muito perto do título estadual. Em um campeonato em que o Tribunal de Justiça Desportiva teve intervenção decisiva, o Alvinegro da Zona Sul decidiu o título com o Comerciário, atual Criciúma Esporte Clube. A equipe azul do sul do estado já havia comemorado o título, mas o Caxias acabou ganhando no STJD os pontos de uma partida contra o Guarani de Lages, igualando-se ao pretenso campeão.
A Federação então marcou os jogos finais do campeonato, em que o time criciumense levou a melhor: empates de 0 a 0 em Joinville, 1 a 1 em Criciúma e vitória do Comerciário por 2 a 0 em Florianópolis.
Fantasmas desse campeonato se instalaram na família caxiense e até hoje assombram os torcedores do Gualicho. As teorias conspiratórias vão desde arbitragens suspeitas (a anulação de um gol de Mickey em Criciúma) até o resultado do julgamento no TJD da FCF (revertido no tapetão do Rio de Janeiro). O fato é que o Caxias, com um time muito superior, ficou em segundo. A história registra: o Campeão Catarinense de 1968 foi o Comerciário.
O time base deste campeonato tinha Jairo; Luizinho, Getúlio, Dinho e Orlando; Léo e Nenê; Jairzinho, Fontan, Norberto Hoppe e Mickey. Jogaram ainda Jurinho, Jota Alves, Coruca, Águia e Zezinho.
Caxias de 1968: um vice que merecia o título.
Em pé: Nenê, Luizinho, Orlando, Getúlio, Dinho e Jairo.
Agachados: Jairzinho, Fontan, Norberto Hoppe, Léo e Mickey.
Jairo: começou no Caxias, chegou à Seleção Brasileira
Mickey: foi ídolo no Fluminense
Fontan: com uma carreira exemplar, conquistou o carinho e o respeito de duas torcidas.
Norberto Hoppe: artilheiro do Brasil em 1966.
Nenhum comentário:
Postar um comentário