Além de não ganhar o campeonato da cidade desde 1946, o Caxias assistiu o arqui-rival ganhar dois títulos estaduais na década anterior. Os anos 50s começaram mantendo o que se desenhara em 1947 e 1948: o América foi o Campeão Estadual de 1951 e 1952, depois de ter ganhado os títulos citadinos.
Era preciso fazer alguma coisa. E a diretoria do Alvinegro montou um time invejável para o campeonato de 1953. Trouxe, entre outros, o consagrado Teixeirinha. Considerado o melhor jogador catarinense da época, Nildo Teixeira de Melo, o Teixeirinha, havia jogado em grandes clubes do futebol brasileiro, onde consolidou sua fama de grande craque barriga-verde. Vice-campeão estadual de 1952 no Carlos Renaux de Brusque, chegou ao Caxias como a grande esperança de quebrar a hegemonia do América. E não decepcionou, sendo o grande nome do Caxias na temporada. Porém no último jogo do campeonato da cidade o Caxias precisava ganhar do América para levantar o título. Quase conseguiu. Com um gol de Renê em completo impedimento, validado pelo árbitro Arthur Lange, ex-jogador do Caxias, o América chegou ao tri-campeonato. O estadual foi ganho pelo Carlos Renaux, com o rubro de Joinville ficando em segundo.
Para 1954 o Caxias juntou um elenco que acabou se transformando naquele que muitos consideram o melhor time do futebol catarinense de todos os tempos. Foi campeão invicto da cidade, com uma campanha incrível: 13 jogos (12 vitórias e 1 empate), marcando 39 gols e sofrendo apenas 8.
Vencida a competição doméstica, era preciso encarar o desafio de ganhar o Estadual, depois de quase 20 anos. A campanha foi igualmente impressionante:
Quartas de finais
Baependy 2 x 4 Caxias
Caxias 10 x 0 Baependy
Caxias 10 x 0 Baependy
Semi-finais
Caxias 2 x 1 Carlos Renaux
Carlos Renaux 1 x 2 Caxias
Finais
Caxias 6 x 3 Ferroviário
Ferroviário 2 x 2 Caxias
Caxias 7 x 0 Ferroviário
O time base tinha Puccini; Hélio e Ivo Meyer; Joel, Gungadin e Arno Hoppe; Euzébio, Didi, Juarez, Periquito e Vi.
Juarez foi o artilheiro do certame, com uma marca estupenda: 18 gols em 7 jogos. Juntamente com Vi (Leôncio Vieira, filho do legendário Cilo, campeão estadual em 1929) saiu do Caxias para jogar por muitos anos no Grêmio de Foolball Portoalegrense. Ambos vestiram a camisa da Seleção Brasileira em torneios sul-americanos. Foram escolhidos pela torcida gremista para a o “Grêmio de todos os tempos”. Uma curiosidade: o Grêmio os queria imediatamente após o término do campeonato catarinense. Estavam com as passagens marcadas para ir diretamente de Florianópolis para a capital gaúcha. Depois da goleada no jogo final, a torcida exigiu sua presença para a comemoração do título e ambos vieram a Joinville antes de embarcar para terras gaúchas.
O Caxias Campeão Estadual de 1954.
Há quem considere este o melhor time da história do futebol catarinense.
Em pé: Pimentel (Tec), Puccini, Ary, Ivo Meyer, Joel,Ayala, Gungadin, Hélio, Arno Hoppe e Maçaneiro.
Agachados: Cleuson, Euzébio, Periquito, Didi, Juarez e Vi.
Dois fatos extra-campo ocorridos em 1954 viriam a marcar a história do Caxias. O primeiro deles: em um dia de clássico, um torcedor trouxe para o Estádio um pingüim com o qual havia se deparado na praia. A ave de terras geladas foi “pé quente”: o Caxias ganhou o jogo e um novo mascote.
O Pingüim posa com Arno Hoppe.
O outro fato foi a comparação feita entre o time e um cavalo. Da mesma forma que o Gaulicho, um cavalo de corridas, o Caxias ganhava tudo. A coincidência de cores (o cavalo era todo preto com uma mancha branca na cara) fez com que surgisse o apelido, até hoje utilizado carinhosamente para designar o clube.
Gualicho vencendo o GP Brasil de 1953
Veja a que distância ficou o segundo colocado
Em 1955 o Caxias repetiria a façanha: campeão invicto no Citadino e no Estadual. No campeonato da cidade foram dez jogos sem derrota e uma goleada histórica sobre o América: 6 a 0, fechando o campeonato.
No estadual a campanha foi semelhante à do ano anterior:
Quartas de finais
Baependy 1 x 3 Caxias
Caxias 1 x 0 Baependy
Semi-finais
Cruzeiro 0 x 3 Caxias
Caxias 4 x 2 Cruzeiro
Finais
Caxias 2 x 2 Palmeiras
Palmeiras 2 x 2 Caxias
Caxias 2 x 0 Palmeiras
O time base era: Puccini; Juca e Ivo Meyer; Joel, Hélio e Arno Hoppe; Filo, Boca, Didi, Cleuson e Carioca.
O artilheiro do Campeonato foi Didi, com 6 gols.
O Caxias foi ainda Vice-campeão Estadual em 1959. O Campeão daquele ano foi o Paula Ramos, que recuperava a hegemonia do futebol catarinense para a capital depois de 14 anos.
O time de 1955: bi-campeão invicto.
Em pé: Juca, Puccini, Ivo Meyer, Arno Hoppe, Hélio e Joel.
Agachados: Filo, Boca, Cleuson, Didi e Carioca.
Muito bom Adriano...O blog está excelente! abraço
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