sábado, 23 de março de 2013

Único funcionário do Caxias representa o sentimento dos joinvilenses que lamentam o fim do Ernestão

Memórias não têm preço. Não há dinheiro no mundo que se compare às recordações mais felizes de alguém. Mas o palco onde este tipo de cena acontece tem valor. E é por isso que torcedores apaixonados pelo futebol em Joinville acordam tristes neste fim de semana.
O Estádio Ernesto Schlemm Sobrinho, o Ernestão, foi arrematado em leilão por R$ 10,6 milhões na sexta-feira. O motivo: dívidas trabalhistas que o Caxias acumulou nos últimos anos. Uma cifra pequena se comparada à importância histórica do tapete verde onde a cidade construiu suas grandes lembranças do esporte.
Para quem dedicou a vida ao Gualicho saber que a casa do Alvinegro está sendo vendida é de partir o coração. A dor aperta o peito de Linor do Rosário, o único funcionário do Caxias. Até para falar sobre o assunto é difícil.
— A gente não gosta nem de pensar. Amanhã, posso passar aqui na frente e ter outra coisa. É como se tirassem o chão da gente. É como se estivesse morrendo alguém da família —, fala, emocionado.
Linor nasceu em 1954, em uma casa vizinha ao estádio leiloado, no bairro Bucarein. Filho de uma família inteira caxiense, veio ao mundo como um vitorioso. O Gualicho ficou com o bicampeonato catarinense em 1954 e 1955 – ano em que seria campeão pela última vez. Não teria como ser diferente: estava fadado a ter a vida atrelada ao time.
Então, não é difícil entender o porquê de o zelador – mas que já foi motorista de ônibus, roçador, encanador e até técnico do JEC por nove partidas – estar triste. Com o futuro do Caxias navegando sobre um mar de incertezas, Linor não sabe como será o amanhã.
Enquanto puder, ele vai continuar indo ao Ernestão como se estivesse a trabalho. Fará isso até que seja proibido. O vencedor do leilão, o empresário Paulo César Avila – ex-jogador de futebol e comandante da rede varejista Milium –, ainda não revelou seus planos sobre o que fará com o terreno de 21.352 m².
A realidade é dura, mas Linor se permite sonhar.
— Quem sabe ele não vem aqui e fala: ‘Agora, vou montar meu próprio time de futebol!’ Seria uma maravilha.

Fonte: A Notícia

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