terça-feira, 4 de outubro de 2011

Na memória do Caxiense - Hoppe, aquele do tiro certeiro

Matéria do AN dia 21 de Março de 1999


Um homem que não errava o gol. Assim foi um dos maiores artilheiros do futebol catarinense, Norberto Hoppe, que há exatamente 30 anos, em 1969, encerrava carreira. Sua visão de gol era tão apurada que a bola tinha dois destinos, as mãos do goleiro ou a rede. Apesar de ter marcado, segundo estima, mais de 500 gols, a maior parte pelo Caxias de Joinville, nunca foi campeão.
Norberto Hoppe, hoje com 57 anos e uma "saúde de ferro", não guarda ressentimentos, mas se pudesse voltar aos 13 anos de idade, quando começou, gostaria de ter tido maior oportunidade de desenvolver seu futebol num grande centro. "Não fosse a timidez de educação muito rígida e fechada, com certeza teria ido mais longe", acredita.
A carreira de Norberto Hoppe, um dos maiores artilheiros do futebol catarinense, foi como a da maioria dos atletas profissionais. Começou na adolescência, atingiu o auge aos 27 e terminou pouco antes dos 30.
Glória e drama conviveram com Hoppe na temporada de 1966, quando sagrou-se o número 1 da artilharia do Brasil com 33 gols e sofreu a mais grave lesão da carreira.
O recorde de gols, superior inclusive aos marcados por Pelé naquele ano, foi conseguido nos primeiros 18 jogos da primeira fase do Campeonato Catarinense pelo Caxias. No primeiro jogo do returno, em Timbó, contra o União, sofreu uma entrada desleal do zagueiro Camundongo que o tirou da competição por três meses.
A peregrinação por tratamento médico começou em Joinville, passou pelo famoso ortopedista Duda, de Campo Alegre e terminou no departamento médico do Palmeiras, em São Paulo. Hoppe só voltou a jogar na última partida do estadual daquele ano.
"Foi um ano muito sofrido. A lesão foi provocada por uma deslealdade que nem gosto de comentar, mas hoje sinceramente não guardo mágoa", garante.


Melhor contrato


A recompensa pela melhor artilharia de 66 veio no ano seguinte. Hoppe assinou o mais importante contrato de sua vida com o Bangu, do Rio de Janeiro, para disputar a Taça Guanabara e Campeonato Carioca. O negócio foi feito pessoalmente pelo vice-presidente do clube carioca Castor de Andrade.
"Foi uma decisão difícil", relembra Norberto, enfatizando especialmente três fatores: o trabalho como funcionário administrativo da Celesc, a família de mulher e dois filhos e um indisfarçável acanhamento para tomar decisões desse porte.
O contrato com o Bangu, contudo, valia a pena. Foi o mais importante da vida do jogador e que lhe garantiu um retorno que existe até hoje. "Não lembro em valores exatos, mas em dinheiro de hoje seria algo em torno de R$ 200 mil. Deu para comprar uma casa na praia, dois terrenos na Max Colin (rua próxima ao centro de Joinville) e ainda sobrou uma boa parte que ficou aplicada".
Da época de trocar o futebol catarinense pelo carioca, ele lembra especialmente de dois comentários feitos por Castor de Andrade, no saguão do Hotel Colon, durante a negociação do contrato. "É um alemãozinho mesmo!", exclamou o cartola carioca ao vê-lo chegar. Pouco depois, diante da dificuldade de travar um diálogo mais dinâmico com Hoppe, Castor de Andrade desabafou. "Poxa, para arrancar uma palavra sua é preciso puxar a língua com alicate".




Na foto, à esquerda, o mandatário do Bangu, Castor de Andrade, com Hoppe, no centro, concedendo a primeira entrevista após o empréstimo, ao repórter J. B. Telles.


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