Era domingo, 19 de julho de 1953. Um domingo como outro qualquer e eu, adolescente, ouvido pregado no rádio Phillips holandês que meu pai zelava, como um santo no altar, numa mesinha no canto da sala de estar da modesta casa de bairro. Em meio às descargas comuns às tardes de domingo, as ondas curtas de 31 metros da Rádio Nacional do Rio de Janeiro transmitiam mais uma rodada do campeonato carioca.
O jogo principal era disputado no recém-inaugurado estádio do Maracanã, onde há exatamente três anos, a seleção brasileira perdeu para o Uruguai, numa das maiores tragédias esportivas da história deste país – como gosta de dizer o nosso presidente. Ali, o flamengo, líder do certame, jogava contra o Olaria e as emissoras davam destaque à partida, apenas informando o andamento dos outros jogos, principalmente quando havia gols.
No acanhado estádio do Bonsucesso, na rua Teixeira de Castro, o Botafogo jogava contra o time da casa e, mal das pernas, quase no final do primeiro tempo, perdia por 1x 0, quando o juiz marcou penalty a favor do alvinegro. Nilton Santos, zagueiro e capitão do time foi ao técnico (me parece que era Gentil Cardoso ou Zezé Moreira, não lembro bem) e recebeu orientação para Dino ou Vinicius (os dois astros do ataque e artilheiros do time) bater a penalidade. Os dois se recusaram e, de repente, um estreante, um moleque de pernas tortas, vindo de Pau Grande, no interior do Rio, jogando com a camisa sete, pegou a bola e a pôs na marca do penalty. Chutou sem olhar para o goleiro e empatou a partida.
No segundo tempo, aquele desconhecido fez diabruras com a bola, metendo-a onde queria, inclusive por debaixo das pernas dos defensores adversários. Marcou mais dois gols e deu passes preciosos para Dino (1) e Vinicius (2) completarem a goleada – 6 x 3 para o Botafogo.
O locutor que acompanhava o jogo interrompeu a transmissão do Maracanã algumas vezes para informar que um tal de “Gualicho” ou Garrincha, estreante, estava comendo a bola e se constituía na sensação da partida. Acho que foi Luiz Mendes, ainda hoje comentarista da rádio Globo.
Assim foi a estréia de Garrincha no Botafogo, clube pelo qual jogou mais 12 anos e pelo qual se tornou campeão carioca e chegou à seleção brasileira, sagrando-se campeão do mundo na Copa de 1958, quando foi um dos destaques daquele time que ainda tinha Didi, Vavá, Zagalo e o inigualável Nilton Santos – entre outros, feito que repetiu na Copa do Chile, em 1962 quando, em virtude da contusão de Pelé, jogou quase sozinho pela linha inteira.
Por que Gualicho? Porque Gualicho era o nome de um cavalo castanho argentino que fez furor correndo nas pistas do Hipódromo da Gávea do Rio e Cidade Jardim, de São Paulo. Ganhou as principais corridas de que participou, inclusive o Grande Prêmio Brasil de 1953. Não saía em primeiro, mas ia ultrapassando seus concorrentes e, no final, às vezes por uma cabeça, outras vezes quase pela língua de fora, chegava em primeiro e, por isso, se transformou num grande vencedor.
Quanto ao cavalo paraguaio, essa é a história do oposto. Era um cavalo, cujo nome ninguém decorou, que tinha a característica de sempre sair entre os primeiros e chegar, invariavelmente, entre os últimos.
Como a história normalmente registra somente os vencedores, ele ficou sem nome, mas criou e ainda faz persistir a lenda do cavalo paraguaio, epíteto aplicado a qualquer concorrente que começa com tudo e acaba sem nada.
O jogo principal era disputado no recém-inaugurado estádio do Maracanã, onde há exatamente três anos, a seleção brasileira perdeu para o Uruguai, numa das maiores tragédias esportivas da história deste país – como gosta de dizer o nosso presidente. Ali, o flamengo, líder do certame, jogava contra o Olaria e as emissoras davam destaque à partida, apenas informando o andamento dos outros jogos, principalmente quando havia gols.
No acanhado estádio do Bonsucesso, na rua Teixeira de Castro, o Botafogo jogava contra o time da casa e, mal das pernas, quase no final do primeiro tempo, perdia por 1x 0, quando o juiz marcou penalty a favor do alvinegro. Nilton Santos, zagueiro e capitão do time foi ao técnico (me parece que era Gentil Cardoso ou Zezé Moreira, não lembro bem) e recebeu orientação para Dino ou Vinicius (os dois astros do ataque e artilheiros do time) bater a penalidade. Os dois se recusaram e, de repente, um estreante, um moleque de pernas tortas, vindo de Pau Grande, no interior do Rio, jogando com a camisa sete, pegou a bola e a pôs na marca do penalty. Chutou sem olhar para o goleiro e empatou a partida.
No segundo tempo, aquele desconhecido fez diabruras com a bola, metendo-a onde queria, inclusive por debaixo das pernas dos defensores adversários. Marcou mais dois gols e deu passes preciosos para Dino (1) e Vinicius (2) completarem a goleada – 6 x 3 para o Botafogo.
O locutor que acompanhava o jogo interrompeu a transmissão do Maracanã algumas vezes para informar que um tal de “Gualicho” ou Garrincha, estreante, estava comendo a bola e se constituía na sensação da partida. Acho que foi Luiz Mendes, ainda hoje comentarista da rádio Globo.
Assim foi a estréia de Garrincha no Botafogo, clube pelo qual jogou mais 12 anos e pelo qual se tornou campeão carioca e chegou à seleção brasileira, sagrando-se campeão do mundo na Copa de 1958, quando foi um dos destaques daquele time que ainda tinha Didi, Vavá, Zagalo e o inigualável Nilton Santos – entre outros, feito que repetiu na Copa do Chile, em 1962 quando, em virtude da contusão de Pelé, jogou quase sozinho pela linha inteira.
Por que Gualicho? Porque Gualicho era o nome de um cavalo castanho argentino que fez furor correndo nas pistas do Hipódromo da Gávea do Rio e Cidade Jardim, de São Paulo. Ganhou as principais corridas de que participou, inclusive o Grande Prêmio Brasil de 1953. Não saía em primeiro, mas ia ultrapassando seus concorrentes e, no final, às vezes por uma cabeça, outras vezes quase pela língua de fora, chegava em primeiro e, por isso, se transformou num grande vencedor.
Quanto ao cavalo paraguaio, essa é a história do oposto. Era um cavalo, cujo nome ninguém decorou, que tinha a característica de sempre sair entre os primeiros e chegar, invariavelmente, entre os últimos.
Como a história normalmente registra somente os vencedores, ele ficou sem nome, mas criou e ainda faz persistir a lenda do cavalo paraguaio, epíteto aplicado a qualquer concorrente que começa com tudo e acaba sem nada.
Extraído de: http://fogoeterno.wordpress.com/tag/nilton-santos/
Legal, legal, tem esta história e a foto do Gualicho também no livro "A trajetória de Puccini" , ex-goleiro do Caxias....
ResponderExcluirDALHE CAXIAS!